Consta que foi numa reunião de prefeitos do então “Fundo do vale”, no ano de 1989, num hotel fazenda coroado pela deslumbrante paisagem da Serra da Mantiqueira, que se cunhou a expressã “Vale Histórico”, usada para designar as cidades de Silveiras, Cruzeiro, Lavrinhas, Queluz, Areias, São José do Barreiro e Bananal, incomodadas com o caráter pejorativo da alcunha “Fundo do Vale”.
Desde então a expressão ganhou notoriedade, e até mesmo cidades vizinhas, que outrora rejeitavam a localização “fundista”, hoje reivindicam participação no “G-7” Histórico Vale Paraibano. Embora não exista uma divisão formal, as cidades acima são a que melhor representam o Vale histórico.
Incrustadas entre a Serra da Mantiqueira e da Bocaina, com suas belezas naturais, artísticas e históricas, as cidades do Vale Histórico são um premanente convite para quem quer conhecer um marco importante na História do Brasil. Uma prova contundente de que o Vale, no fundo, merece ser visitado.
Ouro, Açúcar e Café.
O início do Vale do Paraíba.
O Vale do Paraíba foi uma das primeiras regiões do interior do Brasil a ser explorada e desbravada pelos portuguêses, em sua busca por índios e metais preciosos.
Oficialmente, o Vale do Paraíba começou a ser povoado a partir de 1628, ano em que o capitão-mor João de Moura Fogaça concedeu a Jacques Félix e seus filhos “datas de terras” no sertão do Rio Paraíba, entre os atuais municípios de Pindamonhangaba e Tremembé.
As terras férteis, mananciais e clima favoreceram e estimularam os sertanistas e povoadores a abrir roças e sítios, cultivando milho, feijão, mandioca, cana de açúcar, algodão, criando porcos, vacas e galinhas.
No final do século XVII inicia-se o ciclo da corrida do ouro, particularmente concentrado na região do planalto mineiro, dando origem às mais opulentas cidades mineiras, hoje consideradas patrimônio histórico, como Ouro Preto e São João Del Rey.
Com o declínio da mineiração, os vale-paraibanos iniciaram a cultura da cana-de-açúcar para reerguer a economia da região e superar a crise econômica e demográfica, decorrente da diminuição do comércio.
No final do século XVIII, inicia-se o desenvolvimento da cultura cafeeira, que já a partir de 1836 dominaria a economia valeparaibana, tendo no município de Bananal um dos maiores produtores.
O café transformou o vale paulista na principal região econômica da Província de São Paulo, e uma das mais importantes regiões políticas e econômicas do Brasil-Império. A paisagem rural sofreu uma violenta transformação com a derrubada da floresta nativa. Os cafezais, esparramando-se pelos morros e vales, fizeram surgir as casas-grandes, as senzalas, as tulhas construídas em taipa de pilão, os terreiros de pedra e terra batida para secar os grãos de café, os tanques para lavagem do café, os carros de bois, as tropas de burros, e as casas de máquinas para beneficiar o produto. Nasciam as grandes fazendas e as poderosas oligarquias, enobrecidas pelo imperador, dominando as câmaras municipais, as irmandades religiosas, as mesas das santas casas de misericordia, e projetando-se no cenário político e social do Império. Bananal, São José do Barreiro, Areias, Silveiras e Queluz nasceram e cresceram em torno das fazendas produtoras de café e à sombra dos fazendeiros e “barões do café”.